terça-feira, 18 de novembro de 2008

Mais sobre Flor do mar

Situada num vale de encostas bastante altas, S. Vicente ocupa o fundo de um
gigantesco vale, rodeado de montanhas densamente floresta. Vista do lado de dentro, parece uma vila encerrada sobre si mesma e fechada ao mundo. É por isso que é o cenário ideal para servir de base a uma história
Filha do mar tem como pano de fundo a questão da emigração. Depois da tragédia que vitimou os seus pais e separou a família, Alfredo Neto (Nicolau Breyner) decide emigrar com a mulher para a África do Sul. Na opinião formada de Maria João Mira “a emigração provoca cisões nas famílias, que têm muitas vezes a ver com as questões da propriedade e isso é uma realidade na Madeira”, fielmente transposta para a novela. “A separação física durante muitos anos provoca efeitos numa família... trata-se de separações muito
mais fracturantes do que na realidade parece”. Na partida para África do Sul, Alfredo carrega um terrível segredo que, indirectamente acaba por condicionar todo o percurso e “fractura” da sua família. Nas costas, carrega o fardo de conhecer toda a verdade sobre o que realmente aconteceu no dia em que os seus pais morreram. Passados vinte cinco anos da tragédia, decide escrever uma carta a contar tudo aos irmãos, mas morre antes de a conseguir concluir. A caminho do hospital, e no seu último encontro com Salomé (Paula Lobo Antunes), Alfredo diz-lhe que não é seu pai e deixa-a na posse da carta. O testamento que escreveu em vida irá causar muita polémica, nomeadamente porque decide entregar as terras que eram dos pais ao irmão Eduardo (Nuno Homem de Sá). A sua ideia é unir a família, mas Gaspar (Rogério Samora) não faz essa leitura do testamento. A melhor das intenções por parte de Alfredo faz com que a guerra entre Gaspar e Eduardo comece a ganhar proporções avassaladoras. Revoltada com a revelação de que é adoptada e sentindo-se injustiçada por não ter sido contemplada no testamento, Salomé alia-se a Gaspar. Decidida a recuperar a parte da herança que lhe foi “roubada”, a jovem resolve “guardar a cadeado” a carta que Alfredo lhe entregou antes de morrer e que pode conter a chave para a resolução do eterno conflito entre os “tios”.

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